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A Mentira da Vida Sexual Perfeita: Uma Coreografia Que Ninguém Consegue Seguir

  • Foto do escritor: Lelah Monteiro
    Lelah Monteiro
  • há 11 minutos
  • 4 min de leitura

Nós acabamos de passar pelo "Dia do Sexo", uma data que, como eu disse, só faz sentido se nos provocar a alguma reflexão. E qual foi a sua? Se você é como a maioria das pessoas que eu atendo, provavelmente passou pela sua cabeça algo entre a "pressão de ter que performar" e "ah, mais um dia em que minhas desculpas venceram a intimidade".

Acertei?


Pois é. Hoje eu quero chutar o balde de duas grandes ciladas que nos impedem de ter uma vida sexual plena e autêntica: a mentira do sexo perfeito e as desculpas (muitas vezes inconscientes) que usamos para nos esquivar da conexão íntima.


A Mentira da Vida Sexual Perfeita: Uma Coreografia Que Ninguém Consegue Seguir

Por que estamos tão insatisfeitos com nossa vida sexual? A resposta é simples: fomos programados para buscar uma perfeição que não existe.

A mídia, os filmes, a pornografia, até mesmo as conversas idealizadas entre amigos, criam um roteiro irreal do que "deveria ser" o sexo:

  • Sempre espontâneo: Como se o desejo fosse uma torneira que liga e desliga magicamente.

  • Sempre com fogos de artifício: Orgasmos explosivos e múltiplos, sempre!

  • Corpos "perfeitos": Sem celulite, sem estria, sem a barriguinha que tanto te incomoda.

  • Técnicas mirabolantes: Posições dignas de contorcionistas e performances de circo.

  • Parceiros telepáticos: Que sabem exatamente o que você quer sem que você precise abrir a boca.

Essa lista de exigências invisíveis nos leva a uma constante comparação. "Por que meu sexo não é assim?", "Será que meu parceiro(a) não gosta tanto de mim quanto os casais das séries?", "Será que eu não sou atraente o suficiente?".

O resultado é frustração, insegurança e, adivinha? Vontade de evitar o momento íntimo, porque ele se torna mais uma prova de fogo onde você (e seu parceiro) se sentem reprovados. A busca pelo "perfeito" nos rouba o "real". E o real, gente, é muito mais gostoso!


As Desculpas Que Você Se Dá (e O Que Realmente Está Por Trás Delas)

"Estou cansada", "Minha cabeça está cheia", "Estou com dor de cabeça", "Não estou no clima", "Amanhã a gente vê...". Quem nunca usou uma dessas? Ou ouviu?

Essas desculpas são poderosas barreiras que levantamos, muitas vezes sem perceber, entre nós e a intimidade. E por trás delas, raramente está apenas o cansaço ou a dor de cabeça.

O que realmente pode estar escondido nessas frases:

  1. Medo da Vulnerabilidade: Fazer sexo, de verdade, exige que você se desarme. Que se mostre como é, com suas inseguranças, com seu corpo "imperfeito", com seus desejos (muitas vezes ainda desconhecidos por você mesma). É mais fácil dizer que está cansada do que admitir: "Tenho medo de me entregar e não ser o suficiente".

  2. Insatisfação com o Próprio Corpo: A ditadura da beleza nos faz ter vergonha de quem somos. Muitas mulheres e homens evitam a intimidade por não se sentirem à vontade com o próprio corpo. A luz apagada e as desculpas viram escudos.

  3. Conflitos Não Resolvidos: Discussões que não foram digeridas, ressentimentos que se acumularam, silêncios que viraram abismos. Como ter desejo e conexão quando a relação está minada por questões não resolvidas? A cama vira um reflexo do sofá.

  4. Tédio e Rotina: O sexo virou um "check-list"? Uma obrigação previsível e sem graça? A falta de novidade, de diálogo sobre desejos e fantasias, de espontaneidade (real, não a de revista!) pode matar o tesão.

  5. Falta de Autoconhecimento Sexual: Muitas de nós (e de vocês) não sabem o que realmente gostam. Não exploram o próprio corpo, não se permitem sentir. Como pedir algo ao outro se você mesma não sabe o que quer?

  6. Desafios Reais (e Silenciosos): E aqui entra um ponto crucial: algumas "desculpas" podem ser sintomas de questões maiores. A baixa libido pode ser consequência de estresse crônico, alterações hormonais ou até mesmo do TDAH (como já conversamos aqui). A desorganização mental, a distração, a dificuldade de foco, a impulsividade ou até mesmo os efeitos colaterais de medicamentos para TDAH, podem impactar a disposição e a capacidade de se entregar ao momento íntimo. Não é "desculpa", é um desafio real que precisa ser reconhecido e tratado.


Desconstruindo e Reconectando: O Caminho Para a Intimidade Autêntica

Chega de mentiras e desculpas! É hora de encarar a verdade e construir a intimidade que você realmente merece.

  1. Abrace o "Imperfeito": Seu corpo, seu desejo, seu parceiro, sua vida sexual – nada disso precisa ser de capa de revista. A beleza está na autenticidade, na vulnerabilidade, na conexão real que acontece quando vocês se permitem ser vocês mesmos.

  2. Comunique-se, de Verdade: Se você está cansada, diga. Se tem algo te incomodando na relação, fale. Se não sabe o que quer, diga ao seu parceiro: "Não sei o que eu gosto, vamos descobrir juntos?". A comunicação é o afrodisíaco mais poderoso.

  3. Invista no Autoconhecimento: O que te dá prazer? Quais são suas fantasias? O que te bloqueia? Explore-se, sozinha ou com seu parceiro. A intimidade começa de dentro para fora.

  4. Priorize a Conexão: A intimidade não é algo que "acontece" aleatoriamente. Ela é cultivada, cuidada, priorizada. Criem momentos para vocês, para o toque, para a conversa, para a risada. O sexo é uma extensão dessa conexão.

  5. Busque Ajuda Quando Precisar: Se a baixa libido persiste, se as desculpas se tornaram uma barreira intransponível, se o TDAH está impactando sua vida sexual, não hesite em procurar um profissional. Terapeuta de casais, terapeuta sexual, psicólogo, médico – há quem possa te ajudar a decifrar e superar esses desafios.


Sua vida sexual não é uma performance. É um território de troca, prazer, conexão e muita verdade. Descarte os roteiros prontos, desmascare as desculpas e permita-se viver uma intimidade que seja verdadeiramente SUA.

 
 
 

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