Como silenciar a crítica interna e se libertar do perfeccionismo: um caminho para relações mais leves com você mesmo
- Lelah Monteiro
- há 6 dias
- 3 min de leitura
Você já percebeu como, às vezes, a cobrança que fazemos a nós mesmos é maior do que qualquer cobrança externa?
Como se dentro da nossa cabeça houvesse uma voz que nunca está satisfeita, que encontra defeitos até quando os outros enxergam beleza?
Essa voz tem nome: crítica interna.
E ela anda de mãos dadas com um velho conhecido de muitos: o perfeccionismo.
Ambos constroem um cenário interno onde o erro é imperdoável, o descanso é culpa, e o “quase lá” nunca é suficiente. Vamos entender melhor como esses dois padrões agem em nossa vida — e, principalmente, o que fazer para sair desse ciclo.
🎯 O perfeccionismo e a ilusão do controle
Perfeccionismo é, muitas vezes, confundido com excelência. Mas há uma diferença sutil — e perigosa.
Enquanto a busca pela excelência se baseia em crescimento, aprendizado e esforço saudável, o perfeccionismo se alimenta de medo, comparação constante e da tentativa de controlar tudo para evitar a dor do fracasso.
A pessoa perfeccionista tende a:
Adiar projetos por medo de não sair perfeito (procrastinação por paralisia).
Ser extremamente autocrítica e raramente satisfeita com o que produz.
Evitar se expor, por medo de julgamento ou erro.
Se comparar constantemente com os outros, quase sempre se colocando em posição de inferioridade.
Ficar exausta, pois a régua é sempre alta demais.
Por trás desse padrão está, muitas vezes, uma ferida emocional: a necessidade de aprovação, de ser aceito, de não ser rejeitado. O perfeccionismo, então, se apresenta como uma tentativa de garantir afeto e reconhecimento. Mas ao invés de trazer segurança, ele cobra caro: a liberdade de ser imperfeito e real.
🧠 A crítica interna: de onde ela vem?
A crítica interna é aquela voz que diz:
"Você podia ter feito melhor."
"Ninguém vai te levar a sério."
"Você sempre erra."
"Não é o suficiente."
Ela aparece em momentos de vulnerabilidade. Ela rouba a espontaneidade. E ela muitas vezes tem a voz de alguém que marcou a nossa história: um pai exigente, uma mãe perfeccionista, um professor duro demais, ou até a sociedade com suas regras rígidas sobre como devemos ser.
Com o tempo, essa voz deixa de parecer externa e se incorpora ao nosso diálogo interno.
Ela vira parte da forma como nos tratamos — mesmo que esse tratamento seja cruel, injusto e solitário.
💡 Como silenciar (com gentileza) essa voz?
O primeiro passo para lidar com a crítica interna não é combatê-la com mais crítica. É ouvir o que ela tem a dizer… e, com consciência, questioná-la. Aqui vão algumas práticas:
Traga consciência ao automático Comece a notar quando essa voz aparece. Quais gatilhos a ativam? Em que momentos ela fala mais alto? Só o fato de perceber já enfraquece o poder dela.
Dê um nome a ela Algumas pessoas chamam de “o crítico”, outras dão nomes simbólicos. Isso ajuda a separar você da voz que aprendeu a te atacar. Você não é a sua crítica.
Pratique o autoacolhimento Em vez de pensar “eu sou um fracasso”, tente: “isso foi difícil, e eu fiz o que pude”. Fale consigo mesmo como falaria com alguém que ama. Use palavras que nutrem, não que punem.
Celebre o imperfeito Faça algo sem se preocupar com o resultado. Poste um texto sem revisar 10 vezes. Entregue um trabalho bom o suficiente, mesmo sem ser o melhor da sala. A cura está na prática, não no controle.
Desenvolva uma nova narrativa interna Uma narrativa onde errar é humano. Onde descansar é merecido. Onde aprender é mais importante do que agradar.
💞 Perfeccionismo e relacionamentos: o impacto silencioso
Muita gente não percebe, mas o perfeccionismo também adoece os relacionamentos. Ele cria expectativas inalcançáveis — tanto para si quanto para o outro.
👉 Um parceiro perfeccionista pode se sentir constantemente frustrado.
👉 Uma parceira perfeccionista pode não permitir vulnerabilidades no relacionamento.
👉 A crítica interna não ataca só você — ela contamina o afeto, a escuta e a conexão.
Quanto mais nos cobramos, menos espaço damos para o outro ser humano — com falhas, limites e imperfeições. E isso pode afastar, mesmo sem intenção.
🌱 Você merece leveza
Silenciar a crítica interna não é fingir que está tudo bem. É reconhecer a dor com compaixão e escolher uma nova forma de se tratar.
Não precisamos ser perfeitos para sermos amados. Não precisamos acertar sempre para sermos respeitados. Não precisamos ser tudo o tempo todo.
Ser humano já é o suficiente.
Se esse texto tocou você de alguma forma, saiba que não está sozinho(a). A terapia é um espaço seguro para ressignificar padrões, reconstruir a relação consigo mesmo e aprender a se ouvir com mais amor e menos julgamento.
✨ Estou aqui, caso queira conversar.
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