Setembro Amarelo: Por Que Falar da Dor É o Primeiro Passo Para a Cura?
- Lelah Monteiro
- 12 de set.
- 3 min de leitura
Setembro chega e, com ele, o Setembro Amarelo, o mês de prevenção ao suicídio. Para muitos, é apenas mais uma campanha. Para mim, é um lembrete urgente de que a saúde mental não é um luxo, mas uma necessidade. E que falar sobre ela ainda é um tabu gigantesco.
A gente fala de tudo: de sexo, de relacionamentos, de carreira, de dinheiro. Mas quando o assunto é a dor que a gente sente por dentro, a ansiedade que corrói, a tristeza que não passa, o medo de não ser o suficiente, a exaustão que paralisa... ah, aí o silêncio se instala. E esse silêncio mata.
A Dor Invisível e a Máscara da Perfeição
Vivemos em um mundo que idolatra a "vida perfeita" das redes sociais. Sorrisos forçados, conquistas exibidas, filtros que escondem qualquer imperfeição. Essa pressão para estar sempre bem, sempre feliz, sempre produtivo, é exaustiva e cruel.
Quantas vezes você já se sentiu um fracasso por não conseguir levantar da cama? Ou por não ter a "energia" que todo mundo parece ter? Ou por simplesmente não conseguir lidar com os pensamentos que te assombram?
E sabe o que acontece? Você se isola. Você se esconde. Você acredita que é a única pessoa no mundo que se sente assim. E a solidão, junto com a dor, se torna insuportável. É aí que a saúde mental grita.
Falar Não É Fraqueza. É Coragem.
Eu sempre digo que o primeiro passo para mudar qualquer coisa na sua vida é encarar a verdade. E a verdade é que você não precisa ser forte o tempo todo. Você não precisa dar conta de tudo. Você não precisa esconder a sua dor.
Falar sobre o que você sente não é sinal de fraqueza, é sinal de coragem. É reconhecer sua humanidade. É dar uma chance para si mesmo de ser ajudado.
Sabe aquela ansiedade que te impede de respirar?
Aquela tristeza profunda que te acompanha por dias e parece não ter fim?
Aquela sensação de vazio, mesmo quando tudo parece estar "em ordem"?
Esses são sinais. Sinais de que algo não vai bem e que você precisa de apoio. Ignorar esses sinais é como ignorar a febre em uma infecção: ela só vai piorar.
Onde Buscar Ajuda?
"Mas Lelah, para quem eu vou falar? Ninguém vai entender!" Eu sei que é difícil, mas você não está sozinha. Existem pessoas e profissionais prontos para te ouvir sem julgamento:
Profissionais de Saúde Mental: Psicólogos, psiquiatras. Eles são treinados para te ajudar a entender o que está acontecendo e a construir caminhos para a sua recuperação. Não é "coisa de louco", é cuidado com a sua mente.
Amigos e Familiares Confiáveis: Escolha alguém em quem você confia de verdade, que te ouça sem tentar resolver tudo ou minimizar sua dor. Às vezes, só ser ouvido já é um alívio enorme.
Serviços de Apoio: No Brasil, o CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária e gratuita todos os dias da semana, 24 horas por dia, por telefone (ligue 188), chat ou e-mail. É anônimo e seguro.
Seja a Mão Estendida
E se você não está sentindo essa dor, mas conhece alguém que pode estar passando por isso, seja a mão estendida.
Pergunte: "Você está bem?" "Como você se sente?" "Eu estou aqui para te ouvir."
Ouça: Sem julgamento, sem soluções prontas. Apenas ouça com empatia.
Incentive a Buscar Ajuda: Ajude a pessoa a encontrar um profissional ou um serviço de apoio.
O Setembro Amarelo nos lembra que a vida é o nosso bem mais precioso. E que cuidar da mente é cuidar da vida. Não aceite o silêncio que te isola. Não aceite a dor que te consome.
Sua vida importa. Sua dor é válida. E falar sobre ela é o primeiro e mais importante passo para a cura.
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