Seu Parceiro Vai Para a Terapia? POR QUE VOCÊ ESTÁ COM MEDO?
- Lelah Monteiro

- 19 de dez.
- 3 min de leitura
Vamos encarar uma verdade desconfortável: seu parceiro (ou parceira) decide ir para a terapia. E qual é a sua primeira reação? Medo. Insegurança. Um frio na barriga.
"Ele(a) vai descobrir que não me ama?" "Vai ver que eu sou o(a) problema?" "Será que a terapeuta vai me odiar?" "Vai mudar tanto que não vai mais me querer?"
Se essas perguntas ecoam na sua cabeça, respira fundo. Você não está sozinha(o). Mas eu estou aqui para te dizer uma coisa: o maior presente que seu parceiro pode te dar é buscar o autoconhecimento. E o seu medo, muitas vezes, esconde uma insegurança que precisa ser olhada.
Por Que a Terapia do Outro Nos Assusta?
É paradoxal, não é? Queremos que nossos parceiros sejam melhores, mais conscientes, mais felizes. Mas quando eles dão um passo concreto nessa direção (a terapia!), a gente recua. Por quê?
Medo da Mudança: A gente se acostuma com o que é familiar, mesmo que não seja perfeito. A ideia de que seu parceiro vai "mudar" pode ameaçar o status quo, a sua zona de conforto no relacionamento. E se o "novo" ele(a) não gostar de você?
Insegurança Pessoal: Se ele(a) for para a terapia e ficar mais seguro(a), mais consciente de si, mais forte, onde você se encaixa? Seu próprio valor e autoestima podem ser colocados em cheque.
Medo de Ser o "Vilão": Há uma crença popular de que a terapia é para "resolver problemas" e que esses problemas são sempre culpa de alguém. E se seu parceiro(a) descobrir que você é a causa da infelicidade dele(a)?
Exposição: A terapia é um espaço de confidencialidade e autodescoberta. O fato de você não ter acesso ao que é dito ali pode gerar ansiedade e a sensação de que seu parceiro está guardando "segredos".
Preconceito com a Terapia: Infelizmente, ainda existe muito estigma. "Terapia é para loucos", "não preciso de terapia, eu sou forte". Se você tem esses preconceitos, é natural que a decisão do seu parceiro te cause estranhamento.
A Realidade: A Terapia do Seu Parceiro É Um PRESENTE Para Você (e Para o Relacionamento!)
Eu vou te dar a letra: a terapia é um ato de amor. Primeiro, de amor-próprio. Depois, de amor pelo relacionamento. Quando seu parceiro decide olhar para suas próprias questões, ele(a) está investindo em:
Autoconhecimento: Ele(a) vai entender melhor seus gatilhos, seus padrões, suas emoções. Menos projeções em você, mais responsabilidade pessoal.
Melhora na Comunicação: Aprender a expressar suas necessidades, seus sentimentos, seus limites de forma mais clara e assertiva. Isso é OURO para qualquer relacionamento!
Resolução de Traumas e Padrões Destrutivos: Imagine seu parceiro(a) liberando pesos do passado que inconscientemente impactavam a relação. Ele(a) se torna mais leve, mais presente, mais disponível.
Aumento da Inteligência Emocional: Mais empatia, mais resiliência, mais capacidade de lidar com conflitos de forma construtiva.
Uma Pessoa Mais Completa e Feliz: E uma pessoa mais completa e feliz é uma parceira (ou parceiro) infinitamente melhor.
Como Você Pode (e Deve!) Apoiar Esse Processo (e a Si Mesma!)
Em vez de medo, a decisão do seu parceiro de ir à terapia deveria despertar em você orgulho e gratidão. E a sua função nesse processo é crucial:
Seja um Ponto de Apoio, Não de Interrogatório: Pergunte "Como você está se sentindo com a terapia?" em vez de "O que vocês conversaram sobre mim?". Respeite o espaço e a confidencialidade do processo dele(a).
Esteja Aberta(o) à Mudança (Nele e em Você): Prepare-se para que seu parceiro evolua. E esteja disposta(o) a crescer junto. Um relacionamento não pode estagnar quando um dos lados avança.
Gerencie Suas Próprias Inseguranças: Se a terapia do seu parceiro desperta seus próprios medos, talvez seja um sinal para você também buscar seu próprio processo de autoconhecimento. Terapia individual é para você, não sobre ele(a). É sobre fortalecer sua base para se relacionar melhor.
Celebre as Pequenas Vitórias: Observe as mudanças positivas no seu parceiro(a) e valorize o esforço dele(a). Reforce que você percebe o trabalho que ele(a) está fazendo.
Comunique Suas Próprias Sensações: Se algo te incomoda ou te deixa ansiosa(o) em relação à terapia dele(a), converse com seu parceiro(a). Não com o intuito de controlar, mas de compartilhar seus sentimentos.
A terapia do seu parceiro não é uma ameaça ao seu relacionamento. É uma ferramenta poderosa para construir uma base mais sólida, autêntica e saudável. É uma demonstração de que ele(a) valoriza a si mesmo(a) e, por extensão, o espaço que vocês constroem juntos.
Então, da próxima vez que seu parceiro falar em terapia, em vez de sentir medo, sinta orgulho. E quem sabe, a inspiração para começar a sua própria jornada.



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